Sapata de Divisa x Viga de Equilíbrio
Há muito tempo adquiri o hábito de ler artigos, dissertações e teses sobre estruturas. Inclusive, algumas das aulas do curso Eberick – Pórtico e Grelha são baseadas em conhecimentos adquiridos em algumas dessas dissertações. Recentemente me deparei com o TCC abaixo, o qual apresenta um comparativo entre o consumo de materiais de sapata de divisa x viga de equilíbrio.
Comparação em soluções de divisa: Sapatas de Divisa x Vigas de Equilíbrio
Resolvi compartilhar esse texto porque, além do estudo realizado ser bastante interessante, há um resumo teóricos bem feito a respeito do cálculo de sapatas e tem alguns conceitos que me chamaram atenção.
Começando pelo trecho abaixo:
Aqui o autor destacou que realizou uma otimização da estrutura reduzindo as seções para economizar concreto…
Resolvi comentar sobre esse parágrafo porque quando eu era recém-formado também cometia esse engano e, talvez alguns dos meus leitores esteja na mesma situação. Eu achava que o pilar mais econômico seria aquele com a menor seção de concreto possível para os esforços calculados.
No entanto, se você fizer dessa forma, o consumo de aço tende a disparar. Duvida?
Vamos então dar uma olhada na listagem dos pilares do projeto exemplo e olhar as seções de concreto adotadas e as armaduras detalhadas:
O que acha? Mesmo levando em consideração os vãos mais longos e a carga elevada considerada, bem alto para uma edificação de 2 pavimentos, né? A falta de padronização das seções também dificulta para o pessoal no canteiro executar.
Obviamente, alguns destes pilares estão com armaduras elevadas porque, como você já sabe, o Eberick superdimensiona as sapatas de divisa e os pilares que nele nascem.
Repare então, no trecho a seguir:
Aqui o conceito apresentado é justamente o oposto do que venho falando sobre sapatas de divisa.
Sempre digo que o ideal é aumentar a dimensão paralela à divisa. Não só eu, a literatura técnica sobre o assunto também faz essa sugestão. No TCC é sugerido aumentar a dimensão perpendicular à divisa, pois assim haveria um aumento de inércia da sapata e consequente redução das tensões normais no solo.
No trecho abaixo, também retirado do TCC, podemos constatar que em sapatas de divisa, só haverá esforço de compressão no solo numa faixa igual a 1,5 vezes a largura do pilar (tomada na direção perpendicular à divisa). Dessa forma, aumentar a dimensão da sapata nessa direção além desse valor só vai aumentar o trecho da sapata na região onde os esforços seriam de tração.
Por fim, vamos analisar o parágrafo abaixo:
Perfeita a observação com relação à flecha no balanço. A norma diz que para vigas em balanço o valor de “L” deve ser igual ao dobro do comprimento do balanço. Assim, a flecha limite (L/250) se tornaria
2 x comprimento do balanço / 250
Ou
Comprimento do balanço/125
E isso o Eberick não verifica automaticamente. Fica a cargo do usuário
Só acho importante frisar – e falo bastante sobre isso no curso Eberick: Pórtico e Grelha – que toda a flecha que a viga de transição tiver será transmitida para toda a prumada deste pilar o que irá comprometer o comportamento desse pilar nos pavimentos superiores.
E qual solução foi mais econômica nessa disputa entre sapata de divisa x viga de equilíbrio? Isso eu vou deixar você descobrir por conta própria lendo o material indicado.
Ressalto que foquei nesse artigo nos itens que eu discordo, mas tem bastante conteúdo de qualidade no material e vale a leitura.
Em breve estarei divulgando meu próprio estudo comparativo entre sapata de divisa x viga de equilíbrio! Fique no aguardo.