E Se o Eberick Erra Qual Viga Apoia em Qual?
Abaixo apresento a análise de um caso interessante. Encontrei esse caso ao analisar o projeto estrutural elaborado por um dos alunos novos do curso Eberick – Pórtico e Grelha e resolvi compartilhar aqui. E aí, será que o Eberick erra nesse tipo de apoio de viga em viga?
Observe o cruzamento da viga V8 com seção de 15×30 e vão de 1,22m e a viga V18 com seção de 30×50 e vão de 6,35m. Apenas analisando a forma, qual viga você acha que está apoiando qual?
Se você viu meu artigo sobre como saber qual viga apoia em qual você, naturalmente, sabe que a viga que tiver maior rigidez no ponto em que ocorre o cruzamento funcionará como suporte para a viga de menor rigidez.
Ah princípio, imagina-se que V8 (por ter uma seção menor) se apoia em V18. Foi assim também que raciocinou o Eng° Elio ao conceber essa estrutura. No entanto, olhando abaixo os diagramas de esforços das duas vigas, vemos que ocorre justamente o contrário! V18 é que se apóia (de leve) em V8.
Nosso amigo Élio tomou um susto quando viu a quantidade de armadura negativa que havia sido detalhada para V8!
Foi aí que comentei com ele que o comprimento do vão e as vinculações nos apoios também são importantes nessa análise.
Apesar de V8 ter uma seção menor, como ela consegue se engastar em seu apoio e por ela precisar vencer um vão de comprimento bem inferior ao comprimento de V18, acaba que V8 apresenta um deslocamento vertical inferior ao de V18 no ponto em que ambas se cruzam. E a viga que consegue se deslocar menos serve de apoio para a que se deslocar mais.
Para otimizar a estrutura sugeri duas alternativas:
a) Aumentar a seção de V8 para 15×50 de modo a ficar mais condizente com a intensidade dos esforços que estavam surgindo.
b) Eliminar V8 e, para compensar, criar um balanço em V6 à esquerda de P9.
Fiquei bastante surpreso na primeira vez em que me deparei com essa situação e, ao conversar com calculistas iniciantes, com frequência os escuto reclamar que o Eberick erra qual viga apoia em qual e que o programa deveria ter uma opção que permitisse ao engenheiro escolher qual viga deve servir de apoio.
O Eberick calcula o pavimento inteiro de forma interdependente e o caso acima não se configura um erro do programa e, sim, um equívoco de análise do calculista. Equívoco este cometido por todos nós ao menos uma vez na nossa carreira profissional calculando estruturas.
No próximo artigo estudaremos o pilar P16, veremos que, na edificação em análise, este é o pilar com maior taxa de aço, muito embora esteja longe de ser o pilar mais carregado.
Para aprender a fazer análises avançadas dos esforços e deslocamentos no Eberick conheça o curso online – Eberick: Pórtico e Grelha. Nele apresento as diferenças entre o cálculo manual que aprende-se na faculdade e o cálculo realizado pelo software. Por vezes, pensamos que o Eberick erra ao gerar algum resultado que seria impossível no cálculo manual, mas é apenas questão de diferenças de metodologias de análise estrutural.